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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dos templos para os teatros e auditórios

Longa caminhada percorrida. De dança sagrada somente dançada nos templos, por artistas escolhidos, hoje o BN pode ser apresentado em festivais, teatros e auditórios pelo mundo afora. Artistas talentosíssimos com muitos anos de prática dançam, aprendizes, praticamente iniciantes dançam. Ainda existe, na India, uma ligação forte e um repeito profundo entre mestre e aluno. No ocidente, principalmente se o mestre for não indiano, essa relação é bem menos formal e rígida. Lá, a grande maioria só dança com autorização e/ou a convite do mestre. Aqui, muitos alunos saem dançando e até ensinando sem o mestre nem tomar conhecimento, algumas vezes nem tiveram mestre/professor. Saem por aí repetindo o que viram no youtube ou sabe Deus onde. Lá, o estilo das aulas é totalmente diferente: professor faz uma vez, aluno memoriza e repete várias vezes. Aqui, o professor faz mil vezes, aluno tenta repetir uma, talvez duas, se o profe for durão três! Existe uma supervalorização da memória, e eu, quando estudei na India, senti muito essa diferença. O estilo indiano de dar aulas nos deixa bastante confusos e, não raro desanimados. É ollhar e memorizar instantâneamente, quase sem direito a repeteco. A gente pensa: "meu Deus, memorizei partes e não a seqüência toda, e agora???" Passa-se maus bocados...a gente fica até com vergonha de dizer que não lembra nem da metade. O Guru tem por certo que sabes de cor e se não souberes, talvez seja por que não tenhas talento suficiente. O jeito é sair da aula, tomar um banho e começar a estudar, pra chegar na próxima aula com tudo bem decoradinho. "Um artista", dizem, "deve ter boa memória". Nossa, é trabalho pra caramba! Mas é algo cultural, e se estamos na India, devemos entender que é assim que as coisas funcionam por lá. Além disso, tem a prova final, O Arangetram, que muitos alunos devem passar. O Arangetram é a primeira performance solo em público do aluno e acontece depois de vários anos de muuuito estudo e prática. Esse acontecimento tem o valor de uma festa de 15 anos! Pra muitos, indispensável, para alguns, importante, mas demasiado caro, para outros, pura exibição. Claro, os mais tradicionais TEM que fazer mesmo que fiquem cheios de dívidas. Uma de minhas gurus fez, a outra não. Sinceramente, diferentes estilos a parte, ambas são maravilhosas! Hoje acredito não ser mais indispensável. Interessante experiência para um aluno dedicado, mas não obrigatória.
Mas, afinal, o que acarreta o fato dessa dança ter saído dos templos e ter sido praticada e apreciada por um grupo seleto de pessoas, e agora estar sendo praticada tão amplamente e sendo apreciada pelo público em geral? Essa era a pergunta que tinha em mente quando comecei a escrever hoje... a resposta...vai ficar pra próxima...

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